As Mulheres nas Artes Marciais

As Mulheres nas Artes Marciais



" O século XX foi marcado por grandes transformações, e uma das mais notáveis foi, certamente, o reconhecimento nacional e internacional do trabalho da mulher e, principalmente, da garantia dos seus direitos. "
(Dra. Carlinda de Almeida)

"Isso é coisa de Homem!", ouve-se dizer muitas vezes. E o que é pior: dito por Mulheres!
Esse é um pensamento digno de mulheres:
1 - Acomodadas
2 - Mulheres com fortes sentimentos de dependência
3 - Mulheres sem qualquer informação sobre arte marcial.

"Isso é coisa de Homem!"
Ouvindo isto, até parece que a defesa pessoal é uma tarefa apenas para homens.
Como se somente o homem fosse responsável por defender a honra, os bens materiais, a sua própria vida e ainda a vida delas.
Desde o seu início que as Artes Marciais foram criadas e desenvolvidas para aumentar a capacidade de reacção (defesa e contra ataque) das pessoas fisicamente menos favorecidas em termos de estatura, peso corporal e massa muscular.
Basta observar a história do Karaté, Judo, Taekwondo, Aikido, e observaremos que os grandes mestres precursores dessas artes, eram pessoas fisicamente "miúdas", e que muitos desses grandes mestres, quando crianças, tinham inclusive, uma saúde débil, necessitando sempre de cuidados especiais dos seus pais.
Portanto, a mulher, naturalmente menos musculosa e com menos força física que o homem, ao praticar defesa pessoal vai começar a sentir-se muito mais à vontade sabendo que todos aqueles fundamentos e exercícios extenuantes das artes marciais foram desenvolvidos também para ela.
Por exemplo: a arte marcial Karaté, que é uma arte que aproveita a técnica para compensar a força física, é especialmente adequada como meio de autodefesa feminina, embora não seja essa a razão principal pela qual muitas mulheres a praticam.
A maior contribuição das artes marciais para com os seus praticantes, é capacitá-los para perceber o perigo. Por isso, através de uma prática regular e assídua, uma mulher pode aprender a "sentir" o perigo nos gestos, no modo de caminhar, ou no simples olhar de uma pessoa que se aproxima.


Gijutsu Yori Shinjutsu
(O espirito, é mais importante que a técnica)

A intuição pressente o perigo e evita o combate, já dizia Gishin Funakoshi, criador do Karaté Shotokan.
Funakoshi queria dizer com isso, que, percebendo o perigo é mais fácil evitar situações de conflito.
Mas... atenção: se o conflito for realmente necessário e inevitável, então ela deve ser capaz de fazer vibrar dentro de si a energia suficiente para enfrentar quantos adversários for necessário.
Só nesse momento é que a habilidade física deve entrar em acção. Cada movimento deve ser executado como se sua própria vida dependesse disso (e geralmente depende).
Mas para que se possa atingir a perfeição e eficácia, não basta apenas o treino físico. É preciso estudar, observar e aplicar as estratégias, entender os mandamentos marciais e estudar o Bushido (código de ética dos antigos guerreiros samurais).
Afinal, é quase impossível a qualquer praticante marcial, seja homem ou mulher, incorporar os mandamentos marciais, se não ler sobre os samurais e entender um pouco os costumes desses notáveis guerreiros do Japão Feudal.
Cabe à mulher praticante, adaptar a arte às suas características pessoais: idade, peso, condição física, etc.
É deste trabalho de adaptação que nasce a sensação de bem-estar e harmonia interior que caracterizam as artes marciais.
O que as artes marciais pretendem é que cada praticante, seja homem ou mulher, descubra as suas forças e fraquezas e as utilizem da melhor maneira.
Muitas vezes são as próprias mulheres que se discriminam e subestimam pensando que não devem praticar e aprender uma arte marcial ou autodefesa, achando que isto as poderia tornar menos femininas. Nada poderia estar mais errado!
No Japão feudal, as mulheres dos guerreiros samurais praticavam lutas.
Para quê?
Para defenderem os seus lares, enquanto os maridos iam para os campos de batalha.
Portanto, mulheres... À LUTA !!! Já é tempo de fazer alguns mitos cair por terra.
Lembrem-se: o único verdadeiro obstáculo que existe somos nós mesmos
.


(Texto por: Sensei Silvio Ricardo Rodrigues)